Os Ensaios sobre o Património Alimentar Luso-Brasileiro têm a particularidade inovadora de constituir uma primeira publicação conjunta, saída da pena de especialistas de dois países unidos por uma história de partilha de bens e saberes que alicerçam a identidade individual de cada um dos povos, Portugueses e Brasileiros. O leitor encontra neste livro uma abordagem diacrónica de elementos patrimoniais de alguns dos padrões alimentares dos Portugueses e da forma como a receção e fusão dos mesmos se dá na cultura brasileira.Começa-se por considerar os hábitos de consumo e os rituais de convivialidade oriundos das duas grandes civilizações fundadoras da Europa, a grega e a latina, modeladoras da identidade do homem atual. Segue-se o universo da alimentação na Idade Média, considerado sob o ponto de vista de duas das realidades mais documentadas para a época: a mesa dos reis e a das ordens monásticas. Na reflexão dedicada às identidades alimentares da Época Moderna procede-se a uma análise sobre documentação de uma comunidade colegial e a outros dois estudos, ambos incidentes sobre um dos marcadores identitários mais célebres no mundo do património alimentar português: a doçaria, arte que muito deve, pela dependência natural que tem do açúcar, ao Brasil e que contribuiu para o desenvolvimento da própria doçaria brasileira tradicional. Termina-se com a análise de alguns dos testemunhos escritos e comportamentais da herança portuguesa, quer na cozinha brasileira, quer no desenho de crenças, mitos e tabus associados a um setor muitas vezes descurado em estudos de História da Alimentação, o aleitamento materno.